Olá, Pessoal! Tudo bem com vocês?

Antes de trazer a segunda postagem sobre cirurgia plástica, como havia prometido, resolvi falar um pouco sobre a alta frequência. Gosto muito de trazer recursos simples, que tem efeitos significativos. Isso prova que nem sempre é necessário investir em aparelhos extremamente caros, para se ter um tratamento eficaz.
A alta frequência é um recurso bem básico da eletroterapia, amplamente utilizado em tratamentos faciais, e que pode nos trazer resultados bem legais. Quer saber um pouquinho mais? Então continua lendo!

Fonte: Google Imagens
Bom gente, antes de mais nada, precisamos entender que a Alta Frequência trata-se de uma corrente alternada de frequência alta e que se comporta na forma de ondas eletromagnéticas.
Para entender parte dos seus efeitos, precisamos dar uma pincelada sobre como as ondas eletromagnéticas agem nos tecidos do nosso corpo (isso vai ser útil para quando formos falar sobre a radiofrequência, em um outro momento).
Como sabemos, as moléculas do nosso organismo são chamadas, fisicamente falando, de dipolos. Isso se dá pelo falo de serem externamente neutras e possuir as cargas internas dispostas assimetricamente.
Quando um dipolo é exposto à ação de um campo eletromagnético, seu lado de maior carga negativa se direciona ao polo positivo. Sendo assim, a mudança de polaridade (em alta frequência) da corrente alternada, faz com que os dipolos oscilem também numa frequência alta (acima de 300 milhões de vezes por segundo). 
Desse modo, a energia eletromagnética é convertida em energia térmica (calor), devido a alta rotação dos dipolos, que acaba gerando atrito entre si. 
Tendo esse conceito fixo e entendido, podemos compreender o primeiro efeito da alta frequência:

1- Efeito Térmico

A literatura nos traz que, o efeito térmico obtido pela terapia por alta frequência, é inversamente proporcional a superfície do eletrodo. Ou seja, quando se usam eletrodos de pouca superfície (como os de bico), as chances de queimaduras e complicações são maiores, já que concentram em um único ponto o efeito térmico.
Mas de que modo podemos nos beneficiar com o efeito térmico?

1- Vasodilatação e hiperemia: Assim como todo recurso eletroterapêutico que produz calor, a vasodilatação aumenta a circulação periférica local, manifestando-se por hiperemia. No entanto, vale lembrar que a hiperemia só é vista quando aplicada altas doses e altos tempos de aplicação (o que é raro acontecer).
2- Aumento da oxigenação celular: Juntamente com a vasodilatação, vem um maior aporte sanguíneo e consequentemente de oxigênio também, melhorando a nutrição tecidual e qualidade daquele tecido tratado.

2- Efeito bactericida e antisséptico

O aparelho de Alta Frequência, emite "faíscas" eletromagnéticas por meio dos seus eletrodos de vidro com base metálica (vocês verão os tipos de eletrodo, mais adiante no post). É por meio desse faiscamento, que é produzido ozônio, pela seguinte reação:

O2 + Faiscamento = 2O
(Ou seja, o faiscamento, ao entrar em contato com o ar, antes de entrar em contato com a pele, rompe a ligação covalente das moléculas de oxigênio, liberando seus átomos).

*Para relembrar: O ozônio é a junção de 3 átomos de oxigênio.

Agora fica fácil de entender: O ozônio é amplamente conhecido por seus efeitos bactericidas. Isso se deve ao fato de que o ozônio, por ser uma substância altamente instável, se decompõe rapidamente em oxigênio molecular e em oxigênio atômico (O3 = O2 + O).
Esse oxigênio atômico, tem ação desinfetante e tem ação contra agentes microbianos, agindo por lise da membrana dos agentes após oxidação.
Existem ainda estudos que mostram que a eficácia da alta frequência, pode se comparar ao álcool 70%, em termos de propriedades desinfetantes.
Dessa forma, além de melhorar o trofismo da pele, também possui ação antiinflamatória, pois a diminuição das bactérias e infecção local (de uma ferida,  por exemplo), facilita a resolução do processo inflamatório.

INDICAÇÕES:

  • Desinfecção após extração na limpeza de pele
  • Acne ativa
  • Desinfecção do couro cabeludo em casos de seborréia
  • Pós depilação (principalmente em áreas de foliculite)
  • Úlceras (diabéticas, varicosas e de pressão)
  • Psoríase (auxilia fechamento de algumas lesões)
  • Cândida vaginal
  • Técnicas de revitalização e hidratação cutânea
Fonte: Mundo Estética
 Acima, vocês podem ver os diferentes tipos de eletrodos que podem ser acoplados ao aparelho de alta frequência.
No interior desses eletrodos, há, geramente, um vácuo parcial. Ou seja, ar rarefeito ou um gás, como o neon (bastante comum).
Embora a literatura seja escassa, em termos de parâmetros de aplicação, a literatura nos sugere que o tempo de aplicação por área seja em média de 3 a 5 minutos, podendo chegar até 10.
Em casos de tratamentos de úlceras, os estudos sugerem uma aplicação em torno de 15 minutos.

Tipos de aplicação:

1- Aplicação direta ou efluviação: Aplica-se o eletrodo diretamente na pele, deslizando-o. Geralmente eletrodos de superfície plana são os mais utilizados. ( Na imagem, os dois com o nome "Standart", mais conhecidos como cebola e cebolão).

2- Aplicação a distância ou faiscamento: Nessa aplicação, o terapêuta posiciona o eletrodo a alguns milimetros de distancia da pele, sem encostar em nenhum momento. É nesse tipo de aplicação que teremos a formação do ozônio e o efeito bactericida. O eletrodo que possui grande ação com essa aplicação é o em forma de bico (na foto com o nome de "cauterizador").

3- Aplicação indireta ou saturação: Nesse tipo de aplicação, utiliza-se o eletrodo saturador. O paciente segura com uma mão a área do eletrodo e com a outra, o porta eletrodo. O terapêuta tratará a região escolhida com as mãos e os efeitos da alta frequência se darão por meio do organismo da própria pessoa.

Além dos eletrodos citados nessas técnicas, como vocês puderam ver nas fotos, existem outros formatos, como o em forma de pente (amplamente utilizado em tratamentos capilares), em forma de forquilha (útil para aplicação nas regiões de braço, pernas e submentoniana) e em rolo (para deslizamento nas regiões facial ou corporal).

Contra indicações:

  • Marca passo cardíaco
  • Gestantes (tanto paciente quanto terapêuta)
  • Alterações de sensibilidade
  • Uso de cosméticos com composições inflamáveis (como éter ou álcool)

Deve-se utilizar a alta frequência com cautela, e evitar o seu uso em excesso. Como sabemos, o oxigênio atômico ´(aquele que falamos lá no efeito bactericida), é o oxidante mais agressivo, depois do fluor. Devendo ser utilizada a técnica com cautela e prudência para evitar o envelhecimento precoce. 

Bom pessoal, é isso! Espero ter tornado o tema o mais dinâmico possível e fácil de entender. Até a próxima!

Sara Neves.

*REFERÊNCIAS: Modalidades Terapêuticas nas disfunções estéticas - Fábio dos Santos Borges.