Olá, Pessoal!

A postagem de hoje é bastante especial. Depois de fazer o curso de formação no atendimento em pré e pós operatório de cirurgia plástica estética e reparadora com a professora Inês Cristina, meu atendimento mudou totalmente. Recomendo MUITO o curso dela para quem tem interesse na área.
Meu intuito com a postagem de hoje, como sempre digo, não é capacitar ninguém. Mas sim, nortear vocês para que vocês busquem sempre estudar e se capacitar.
Confesso que essa parte de pós operatório não me atraia muito, a princípio. Hoje em dia, é uma das minhas paixões quando se trata de fisioterapia dermato funcional.
Trabalhar com pós operatório requer muita sensatez. As pacientes querem resultados quase que imediatos e muitas vezes os profissionais acabam por não respeitar as fases do processo de cicatrização e reparo, passando a utilizar recursos indevidos e prejudicando o resultado final da cirurgia (tudo o que o cirurgião NÃO quer).
Entender como funciona o processo cirúrgico, é essencial para um bom atendimento. Fiz um resumão sobre as principais cirurgias, clique aqui e leia antes de terminar a leitura deste post!
 Além disso, ter uma boa base fisiológica sobre os processos de inflamação, cicatrização e reparo, norteia todo o nosso tratamento (livros de fisiologia e patologia trazem esses temas muito bem).
Bom, sem mais, espero que gostem da leitura!


Antes de mais nada, precisamos deixar fixo na nossa cabeça, quais os objetivos principais de um atendimento em pós operatório. Isso também serve de diferencial para mostrarmos aos nossos colegas cirurgiões, as vantagens de eles encaminharem suas pacientes para a fisioterapia. E acreditem, eles só encaminham quando têm plena certeza que seu trabalho é bem feito e não vai prejudicar o dele. Em suma, nossos objetivos gerais são:

  • Reduzir o quadro álgico
  • Diminuir Edema
  • Evitar hematomas e equimoses
  • Evitar aderências cicatriciais
  • Evitar a formação de fibroses
  • Prevenir infecções

Vocês já devem imaginar que o nosso recurso principal num atendimento de pós operatório são nossas próprias mãos. A drenagem linfática manual é um recurso IMPRESCINDÍVEL. Logo no começo do blog, fiz uma postagem falando sobre drenagem, que você pode clicar aqui e ler para entender algumas bases (bem básicas mesmo) do nosso sistema linfático. 
Além disso, vale a pena ressaltar que as únicas técnicas de drenagem linfática reconhecidas pela sociedade brasileira de angiologia e linfologia são: LEDUC, VODDER E FOLDI. Não percam o tempo de vocês fazendo cursos de outras técnicas, pois vocês não terão respaldo científico em discussões e debates interprofissionais com os médicos, por exemplo.

Bom, ainda falando de drenagem, ela é o ponto principal para a redução de edemas. Com a redução de edemas, muitas vezes minimizamos o processo álgico. Além disso, a estimulação ao sistema linfático também melhora a defesa do nosso organismo, prevenindo infecções.
Por ser uma forma de mobilização tecidual, também previne formação de aderências e principalmente de fibroses.
Você deve estar se perguntando: Drenagem é tudo de bom, né? E a resposta é: É SIM.
Uma drenagem bem feita, respeitando a fisiologia correta do sistema linfático é 90% do nosso tratamento em pós operatório (Sem exageros!).

Mas Sara... E o ultrasom? E o vácuo? E a Radiofrequência? e... e... e??

Temos muito recursos eletrotermofototerápicos à nossa disposição, isto é fato. O que eu quero que vocês entendam é que, eles são apenas um COMPLEMENTO (nem sempre necessário) ao nosso trabalho manual. Vou citar alguns recursos que vocês podem estar unindo ao tratamento de vocês:

  • Ultrassom de 3MHZ - Pode ser utilizado para melhorar a cicatrização da cicatriz cirúrgica, por potencializar a proliferação de fibroblastos e incrementar a angiogênese, melhorando a vascularização local e extensibilidade dos tecidos ricos em fibras colágenas, conferindo uma melhor qualidade à aquela pele. NÃO DEVE SER USADO na fase inflamatória devido ao seu efeito de aumento de permeabilidade das membranas, que já está aumentada durante a fase inflamatória. Então, deixe para usar o US na fase proliferativa. Também pode ser utilizado para tratamento de fibroses e aderências (aliado ao tratamento manual, sempre).

Eu diria que nossas mãos e um ultrassom já estão de bom tamanho para um bom acompanhamento pós operatório. Mas se você já possui alguns aparelhos e quer saber de que modo pode usá-los, vamos seguir a lista:

  •  Microcorrentes - Também é um ótimo recurso para regeneração tecidual na fase de cicatrização, melhorando o aporte sanguíneo, evitando necroses e prevenindo cicatrizes hipertróficas, além de ser bactericida e possuir ação analgésica (a depender dos parâmetros que serão utilizados).
  • LED -  A associação do LED vermelho com o LED verde também é utilizada com o intuito de melhorar a nutrição da área, prevenindo necroses. Também age como anti inflamatório e anti microbiano.

- Eu não recomendaria o uso de vácuoterapia no tratamento de aderências e fibroses, pelo alto risco de causar deiscências das cicatrizes cirurgicas. Além do mais, a fibrose é muito bem tratada manualmente e com o auxílio de um US.
- A radiofrequência melhoraria o aporte sanguíneo e traria estímulo aos fibroblastos para melhorar a qualidade tecidual. Porém, só deve ser usada na fase de remodelação. Além disso, particularmente, eu só utilizaria a RF em casos de flacidez tardia. Para outros casos, utilizaria os recursos mais simples que já citei. 
- Exercícios respiratórios devem ser trabalhados sempre, desde a fase inflamatória. Após 45 dias, a paciente deve ser orientada à realizar pequenas caminhadas.
- A prescrição de cintas e pad's na maioria das vezes fica por conta do médico. Mas entender qual melhor indicação para cada tipo de cirurgia é muito importante para orientarmos a paciente. Além disso, alguns médicos preferem que esta indicação seja realizada pelo fisioterapeuta, o que vai exigir de nós este conhecimento.
- Dependendo da cirurgia, um trabalho de propriocepção e sensibilidade na área cirurgiada será necessário (muito comum em cirurgias de mama). Estimulação com diferentes texturas se torna bastante interessante, além de cinesioterapia para MMSS.

Como vocês podem perceber, a "fisioterapia clássica" não pode ser esquecida nem mesmo na estética. O uso de alongamentos, flexibilização e fortalecimento também é necessário a depender do tipo de cirurgia, tempo de pós operatório e estado de saúde do paciente.

Espero que tenham gostado do post, pessoal! Até a próxima!

Sara Neves.

Deixe um comentário

Olá, obrigada por comentar! Sugestões e críticas construtivas são sempre bem vindas!