Oi pessoal, tudo bem com vocês ?

O tema de hoje é uma das bases da fisioterapia: A eletroestimulação. Por que eu escolhi este tema? Porque frequentemente vejo as pessoas esquecendo de associá-la aos seus tratamentos.
Talvez seja o erro e o motivo do insucesso de algumas terapias. De que nos adianta trabalhar o tecido adiposo para diminuição de massa gorda e não estimular o ganho de massa magra?
Ou melhor, de que nos vale promover a lipólise dos adipócitos se não promovermos a sua oxidação?

Aliás, você sabe a diferença entre lipólise e oxidação?

Vamos começar com este conceito. Lipólise, como o próprio nome já sugere, é a quebra da membrana da célula de gordura, o adipócito. Com isso, seu conteúdo que é composto por 20% de colesterol e 80% de triglicerídeos, cai na corrente sanguínea para em seguida ser metabolizado ou se liga a uma molécula de ácido graxo para depois ser envolto por uma lipoproteína e ser metabolizado.
Acontece que o produto final do metabolismo das gorduras, é a produção de ATP, que é a nossa "molécula de energia",  genericamente falando.
O ATP precisa ser gasto, ou seja, se ele não for utilizado, ele será estocado em forma de gordura novamente.

Sugiro a leitura mais detalhada do tema em um livro de bioquímica.

E qual a maneira de promover o gasto energético desses ATP's? Promovendo a contração muscular ou através do exercício aeróbico. Podemos orientar nossa paciente quanto a prática de exercícios físicos, mas não temos como garantir 100% que ela irá seguir as nossas orientações. Dessa forma, para garantir que o nosso tratamento esteja agindo de forma completa, podemos entrar com o uso da eletroestimulação, que irá promover ativação muscular e gasto dos ATP's.
Claro que os resultados aliados à atividade física são mais rápidos. Mas se podemos potencializá-los ou garanti-los, por que não fazer uso desta terapia tão antiga e tão utilizada?

Tendo estes conceitos em mente, vamos prosseguir com a postagem!


Antes de falarmos da eletroestimulação de fato, precisamos entender que os músculos são formados por 2 tipos de fibras musculares:

  1. Fibras vermelhas - Também classificadas como tônicas ou do tipo I. Possuem velocidade de contração lenta, tem uma maior capacidade de metabolismo aeróbio e são responsáveis pela contração estática ou postural. São as fibras de endurance (maior resistência à fadiga). São responsáveis pelo maior gasto energético.
  2. Fibras brancas - Também classificadas como fásicas ou tipo tipo II. Possuem velocidade de contração rápida, metabolismo anaeróbio e pouca resistência à fadiga por serem pobres em hemoglobina. São responsáveis por contrações dinâmicas e breves. São as fibras de força e responsáveis pela hipertrofia.
 Relação com a frequência:

Com a eletroestimulação, conseguimos estimular esses 2 tipos de fibras, a depender da frequência. Frequências entre 30-40 Hz são utilizadas para fibras vermelhas e 80-100 Hz para fibras brancas.


Objetivos da eletroestimulação na estética:
  • Fortalecimento e ativação muscular
  • Aumentar a forma e massa muscular
  • Reduzir os níveis de gordura subcutânea
  • Aumentar a microcicrulação (de 400-500%)  e metabolismo local (diminuindo FEG)
  • Melhorar a silhueta corporal
  • Promover o gasto de ATP (MAIS IMPORTANTE!)

 Frequência Portadora X Frequência Modulada

É importante lembrar que a frequência que iremos ajustar tanto para corrente russa, quanto para corrente aussie, é a frequência modulada.
A corrente russa possui uma frequência portadora fixa de 2.500Hz e podemos utilizar uma modulada até 150Hz. Já a corrente aussie, possui frequências portadoras de 1.000 ou 2.500Hz e a modulada também pode ir até 150Hz.


Largura de Pulso

A largura de pulso irá variar de acordo com a região anatômica escolhida para utilização da terapia. Para membro superiores, o ideal seria uma duração de 200us, abdômen entre 250-300us e membros inferiores 400us. No geral, a maioria dos aparelhos possui a largura de pulso fixa em 400us, que poderá ser utilizada em qualquer grupamento muscular sem maiores transtornos.

Modalidade de emissão de pulsos

Modo contínuo - Não está indicado para fortalecimento muscular, sendo usado pra breves estímulos com frequência baixa (10Hz). Geralmente é utilizado para aquecer a musculatura, antes de fortalecer.

Modo recíproco - Pode ser utilizado no fortalecimento muscular, onde os estímulos estarão na fase ON em alguns canais, enquanto outros estarão na fase OFF. Geralmente é utilizado para estimular músculos antagonistas simultaneamente.

Modo sincronizado - Também utilizado para fortalecimento muscular, ocorre os mesmos estímulos simultaneamente em todos os canais.

Modo Sequencial - Não é utilizado para fortalecimento muscular, e sim, como auxílio a drenagem linfática. Os estímulos começam no canal 1 e vão sendo liberados até o último canal. Depois entram em tempo off e reiniciam o processo. É importante atentar para o posicionamento dos eletrodos, sendo os primeiros eletrodos posicionados na parte mais proximal dos linfonodos.

Rampa de subida e descida

Tempo que o estímulo levará para sair do 0 até o máximo para conseguir a contração necessária da musculatura (subida/rise) e a regressão para o 0 (descida/decay). Na estética, geralmente é utilizado 2 segundos.

Tempo ON e Tempo OFF

Tempo ON - Determina quantos segundos o paciente permanecerá em contração. Podemos utilizar entre 4-6 segundos. Podem ser utilizadas resistências com pesos ou o próprio corpo, para potencializar a contração.

Tempo OFF -  Determina quantos segundos o paciente permanecerá em repouso, antes de iniciar uma nova contração. Esse tempo deverá ser sempre maior que o tempo de contração. Geralmente é utilizada a regra de 1 pra 2. Ou seja, utilizar o dobro do tempo ON. Por exemplo: 5 segundos de tempo ON, 10 segundos de tempo OFF.

Tempo de aplicação

O tempo de aplicação está relacionado com o restante da programação feita no aparelho. Por exemplo: se colocarmos 2 segundos de tempo de subida, 2 segundos de tempo de descida, 5 segundos de tempo ON e 10 segundos de tempo OFF. Teremos um somatório de 19.
O recomendado é que o paciente exerça em média 30 repetições, divididas em 3 séries de 10 com 1 minuto de intervalo cada.
Sendo assim: 19 X 30 = 570 segundos que equivale a 9 minutos e meio (vamos arredondar para 10)
Neste caso, programaríamos 12 minutos de terapia (10 minutos + 2 minutos de descanso entre as séries).

Intensidade da corrente

Deverá ser empregada quantidade suficiente para promover a contração muscular.

Bom Pessoal, tentei descomplicar ao máximo o assunto! Vou deixar algumas referências utilizadas aqui, para que vocês possam ler e se aprofundar no tema. Não deixem de utilizar esta terapia, com certeza vocês alcançarão bons resultados.

Não esqueçam que associar a eletroestimulação com a contração muscular voluntária ou o uso de cargas, potencializa os resultados!

REFERÊNCIAS:
  1. Livro: Eletrotermofototerapia - Jones Agne
  2. Livro: Criolipólise - Jones Agne  
  3. Livro: Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas - Fábio Borges
Até a próxima,

Sara Neves.

Um Comentário

Olá, obrigada por comentar! Sugestões e críticas construtivas são sempre bem vindas!