Oi Pessoal, tudo bem com vocês?

A postagem de hoje foi escolhida a dedo. Talvez seja uma das postagens que pensei e elaborei com mais carinho aqui no blog. Quando falamos de cosmetologia, temos uma infinidade de produtos e ativos a nossa disposição. Quando pensamos em cosmetologia aplicada à cirurgia plástica, o que temos é uma escuridão a nossa frente.
Uma escassez de estudos na área, aliado à certeza de que nem todo tipo de ativo pode ser aplicado na pele pós cirurgiada. Então, o que aplicar? Nada? Confiar no marketing das empresas as cegas?
Era assim que eu me sentia antes de fazer o curso de formação no atendimento pré e pós operatório de cirurgia plástica estética e reparadora, com a queridíssima professora Inês Cristina, que tem anos de experiência e estudo na área.
No curso, tivemos uma aula totalmente dedicada aos ativos que poderiam ser utilizados no paciente de cirurgia plástica, explicando seus benefícios e tudo mais. Foi como se toda aquela escuridão que eu tinha a respeito do assunto, tivesse se transformado em um sol lindo.
Aos poucos, fui colocando em prática o que aprendi, nas minhas pacientes. E o resultado não poderia ser diferente: elas amaram a recuperação. 
Hoje resolvi compartilhar um pouco do que eu aprendi com vocês, na esperança de clarear um pouco a mente de profissionais que, assim como eu, se sentiam perdidos a respeito do tema.
Gostaria de trazer algo imensamente mais detalhado, com muitas evidências científicas e muitas opções no mercado. Mas, infelizmente, não é a nossa realidade atual.
Sem mais, espero que vocês gostem da postagem e dividam as experiências de vocês comigo!


Ao longo do post, estarei citando alguns ativos e também produtos prontos que são amplamente utilizados.

Rosa Mosqueta

Uma das especiarias antigas, mas com um efeito MARAVILHOSO quando se fala de cirurgia plástica. É também conhecida como rosa canina, rosa primitiva, rosa silvrestre, rosa selvatica, entre outros.
A rosa mosqueta tem um efeito protetor sobre as células humanas contra o estresse oxidativo. Além disso, possui propriedades antiinflamatórias, bacteriostáticas e imunomoduladoras.
É capaz de realizar a inibição das células inflamatórias, resultando em menor sinalização para proliferação e migração celular. OU SEJA: É excelente para prevenção e manejo de cicatrizes hipertróficas e quelóides.
Além de tudo, ela possui ativos como: Vitaminas A, B1, B2, E E K (que possui uma ação importante na coagulação sanguínea); Minerais como K, Ca, Na, Fe, Mg, P; Elevadas concentrações de vitamina C (importante elemento para a formação e deposição das fibras colágenas), carotenóides (licopeno, beta-caroteno e rubixantina) e ácidos graxos (falarei deles mais adiante).
Resumindo: Além do seu efeito positivo a respeito da cicatrização e tratamento de cicatrizes, possui uma forte ação hidratante e clareadora
Já existem cosmecêuticos prontos a base de rosa mosqueta no mercado (além do próprio óleo puro) e também é possível mandar manipular com outros ativos (passarei a fórmula mais adiante).
Algumas evidências caso vocês queiram pesquisar e baixar:




Ácidos Graxos

Os ácidos graxos, presentes na rosa mosqueta, têm um alto potencial no tratamento de feridas. Eles são necessários para muitos processos fisiológicos, como a manutenção da integridade da pele e da estrutura das membranas celulares; além da síntese de compostos biologicamente ativos (como prostaglandinas e leucotrienos) a partir da síntese do ácido araquidônico.
Entre seus benefícios, podemos citar: atividade antibacteriana e antidiabética além de  função estrutural da membrana celular (formando parte dos fosfolipídios). Os fosfolipídios participam de diversos processos metabólicos, tais como: mitose e organização celular, intercâmbios iônicos, fosforilação, conferindo a eles um alto potencial no tratamento de feridas e cicatrização tecidual.
Resumidamente, seu mecanismo de ação atua da seguinte forma:
  1. Aumento da permeabilidade da membrana celular (facilitando a entrada de fatores de crescimento).
  2. Resultando em maior proliferação, migração e neoangiogênese (fase proliferativa da cicatrização).
  3. Em conjunto com as vitaminas E e K exercem um importante efeito protetor sobre as novas células a se formarem na lesão em regeneração.
OBS: Não deve ser utilizado na fase inflamatória da cicatrização.

Cicaplast Baume B5


Com certeza vocês devem conhecer a marca La Roche-Posay, comumente recomendada por médicos dermatologistas. O Cicaplast Baume B5 trata-se de um bálsamo multi-reparador, que possui ação queratolítica e aumenta a hidratação cutânea, conferindo maciez e flexibilidade aos tecidos, sendo ótimo para prevenção de aderências cicatriciais. É ideal para peles sensíveis e pode ser aplicado na face, no corpo e nos lábios.
  1. Efeito na regeneração cutânea - Graças à sua fórmula que possui madecassoside, zinco, manganês e cobre.
  2. Efeito calmante e reparador cutâneo - 5% de Pantenol, ajudando a restaurar o conforto e bem estar em irritações cutâneas, queimaduras, escoriações leves e assaduras.
  3. Efeito protetor da pele - Textura rica e nutritiva + agentes bacterianos
Um produto muito bom pois acelera a recuperação epidérmica. Também pode ser utilizado em casos de pós peeling e laser.

Kelo-Cote


O Kelo cote é um gel de silicone que é indicado para o tratamento de cicatrizes hipertróficas e queloides, além de queimaduras. Seu uso só deve ser feito após as suturas e quando o ferimento já estiver devidamente fechado (ou seja, não aplicar sobre feridas abertas e incisões recentes).
Ele suaviza e nivela cicatrizes elevadas, reduzindo a vermelhidão e aliviando o prurido (coceira) e o desconforto associado às cicatrizes, além de manter a umidade e elasticidade da pele adjacente.
Pode-se estar indicando seu uso não só para tratamento, como também para prevenção daqueles pacientes que não possuem uma boa cicatrização, ou tem tendência/histórico de formação de quelóides. Pacientes que apresentam prurido excessivo na cicatriz cirúrgica também podem se beneficiar.
Ativos: Polisiloxanos e dióxido de silicone.
Contra indicações: Não aplicar em mucosas, não utilizar na mesma área que foi utilizado antibióticos tópicos ou outros produtos nem em feridas abertas.
Geralmente é utilizado para tratamento home care, 2X ao dia

Contractubex


Esse é um clássico. Quase todas as pacientes de cirurgia plástica que eu já atendi, já chegam fazendo uso do contractubex, prescrito pelo cirurgião plástico.
É indicado para acelerar o processo de cicatrização, aliviar incômodos após intervenções cirúrgicas, prevenir aparecimento de cicatrizes hipertróficas e quelóides (note que quase todos cosmecêuticos aqui citados tem esse objetivo), prevenir e tratar retrações e aderências cicatriciais, além de ser usado pós queimaduras e amputações. Pacientes que possuam hipersensibilidade a algum dos componentes da fórmula, não devem fazer uso deste produto.

Ativos:

  1. Alantoína - Possui ação regeneradora, queratolítica e hidratante. Também possui um efeito suavizante, responsável por diminuir o prurido relatado pelo paciente.
  2. Heparina - Importante anticoagulante, além de possuir propriedades anti-inflamatórias, antialérgicas e antiproliferativas.
  3. Cepalin - Antiinflamatório, antialérgico, antiproliferativo e antimitótico. Atua inibindo a quimiotaxia de fibroblastos cutâneos induzida por PDGF (fator de crescimento derivado das plaquetas) e reduzindo componentes matriciais extracelulares (como proteoglicanos).
Bônus: 3 fórmulas manipuladas para manejo do paciente em pós operatório

Quando eu postei essa imagem acima no instagram do blog eu perguntei se vocês gostariam de saber sobre as fórmulas de alguns produtinhos manipulados que uso no tratamento das minhas pacientes. Tive um feedback muito positivo de vocês, querendo saber mais a respeito. Então como promessa é dívida, lá vai! haha

  • Anti - hematomas: Utilizo ele no final do atendimento. Aplico sobre todas as áreas que possuem equimoses e hematomas, muito comum nas pacientes de lipoaspiração. Elas amam, pois entre uma sessão e outra conseguem notar a diferença. Também pode ser utilizado no home care.

FÓRMULA MANIPULADA:  
  • Vitamina K1 oleosa ----------- 1%
  • Ginkgo Biloba Extrato -------- 5%
  • Tintura de arnica ---------------1 %
  • Diclofenaco de potássio ------- 1%
  • Gel ----------------------------- 200g 

  • Creme para drenagem linfática: Esse é maravilhoso pois possui a tão querida rosa mosqueta! Nos primeiros atendimentos, gosto de realizar a drenagem apenas com as mãos, sem utilizar ativos. Com o passar dos dias, começo a utilizá-lo. Os resultados são fantásticos. Auxilia a drenagem,  por possuir ativadores da circulação na sua fórmula, além de manter a pele da paciente hidratada (pois sabemos o quanto a pele da nossa paciente fica ressecada, devido a restrição de cosméticos que ela pode utilizar). Não utilizo cremes para drenagem linfática convencionais pois frequentemente eles apresentam nicotinato de metila, que não é interessante para este tipo de paciente.

FÓRMULA MANIPULADA:

  • Extrato de Centella Asiática --------- 3%
  • Extrato de Castanha da índia -------- 4%
  • Extrato de arnica ---------------------- 2%
  • Óleo de Rosa Mosqueta ------------ 10%
  • Creme Macadâmia ------------------ 200g

  • Loção para  hidratação e mobilização de cicatrizes: Este aqui eu só utilizo na fase crônica, quando a paciente já está com a cicatriz totalmente fechada, sem o micropore e podendo realizar manipulações (fase de remodelagem). Utilizo com o intuito de hidratar a área e também de manipular a cicatriz com terapia manual, a fim de prevenir e tratar aderências.

FÓRMULA MANIPULADA:
      • Lipossomas de Coenzima Q.10 ---------------------- 10%
      •  Vitamina E oleosa -------------------------------------- 0,5 
      • Loção Cremosa ----------------------------------------- 200g

Bom pessoal, é isso! Espero ter contribuído no conhecimento de vocês, de alguma forma. Se vocês possuem experiências ou estudos com outros ativos ligados ao pós operatório de cirurgia plástica, podem comentar que eu irei adorar compartilhar da experiência de vocês.

Já existem outros posts relacionados à cirurgia plástica no blog, acesse:

  1.  Cirurgias Plásticas mais frequentes
  2. Atendimento no pós operatório de cirurgia plástica
  3. Drenagem Linfática Manual: conheça seus benefícios
Abraços,

Sara Neves.

Olá Pessoal, tudo bem com vocês?

Hoje nós vamos voltar um pouco ao tema da Fisioterapia Dermato Funcional reparadora (que inclui a abordagem na cirurgia plástica e no paciente queimado). No final do post estarei linkando outros posts, caso vocês não tenham acessado ainda.

Pois bem, as queimaduras são traumas de origem térmica capazes de provocar lesões nos tecidos do corpo, nos mais variados graus. Atualmente, as queimaduras podem ser classificadas do primeiro ao quarto grau, da seguinte forma:

Queimadura de primeiro grau- Acometimento da epiderme e parte da derme.
Queimadura de segundo grau- Acometimento da epiderme e derme por inteiro.
Queimadura de terceiro grau- Acometimento da epiderme, derme, hipoderme e tecido subcutâneo.
Queimadura de quarto grau- Acometimento de todas as camadas anteriores + exposição do tecido ósseo.

* Alguns autores consideram a classificação apenas até o terceiro grau (considerando a exposição óssea como 3º).


As queimaduras podem vir de lesões térmicas (líquidos e objetos superaquecidos), por chamas (contato direto com inflamáveis), lesões químicas (como ácidos) e elétricas (choques).

Procedimentos cirúrgicos mais encontrados:

Escarotomias - Incisões profundas, até a fáscia muscular, com intuito descompressivo para evitar garroteamentos devido a extensão das queimaduras.
Desbridamentos - Retirada de crostas e tecidos desvitalizados.
Excisão tangecial - Retirada de toda a área queimada de forma precoce, quase sempre seguida à enxertia (indicado para áreas pequenas, como mãos).
Enxertia - Os enxertos mais comuns atualmente utilizados são os autoenxertos, onde o próprio paciente cede uma parte de sua pele saudável, para ser enxertada na área da queimadura. Nos casos de enxertia, a atuação fisioterapêutica só se dará a partir do  8º dia de P.O, para que dê-se o tempo necessário para a adaptação do enxerto e vascularização adequada.

Objetivos do tratamento fisioterapêutico:

  • Previnir e tratar deformidades
  • Diminuir o quadro álgico
  • Melhorar/Manter a ADM
  • Prevenir complicações respiratórias
  • Melhorar/Manter a força muscular
  • Prevenir e tratar aderências e cicatrizes
  • Orientar quanto ao uso de vestes compressivas e hidratação da área afetada

Anamnese e Avaliação:

Antes de tudo, faz-se necessário estudar a história do paciente, para saber qual tipo de lesão, tipo, extensão e grau da queimadura, procedimento cirúrgicos realizados e queixa funcional. A avaliação física deve abordar vários pontos, dentre eles:

  • Avaliação respiratória - Ausculta, expansibilidade torácica, padrão respiratório, presença de secreção e sinais vitais (FR, FC, PA E SPO2%).
  • Avaliação postural - Avaliar possíveis compensações, assimetrias, fixações posturais, retrações e até mesmo avaliação da marcha, se possível.
  • Avaliação das parestesias -Hipo ou Hipersenssibilidade
  • Avaliação do tônus, força muscular e ADM
  • Avaliação das feridas - Tamanho, coloração, vascularização(rosa, vermelha ou púrpura), bordas, presença de exudato ou tecidos necróticos
  • Avaliação do enxerto - Tipo de enxerto e localização das áreas doadora e enxertada, além do seu aspecto
  • Avaliação das cicatrizes - Tipo, localização, aderências, prurido, dor, formigamento

Tratamento:

Fisioterapia Respiratória - A abordagem pulmonar deve ser individualizada a cada paciente, visando melhora do padrão respiratório e expansibilidade torácica, eliminação de secreções, etc. Dentre as técnicas utilizadas, podem-se ressaltar: Padrões ventilatórios seletivos, EPAP, Liberação da musculatura acessória da respiração (ECOM, escalenos e trapézio superior), FNP de diafragma, Técnicas de desobstrução brônquica, dentre outras técnicas. 

Cinesioterapia - A cinesio deve ser iniciada o mais precoce possível e deve evoluir em graus: passiva, ativo-assistida, ativo livre e ativo resistida. Exercícios isométricos, técnicas de contrai-relaxa e de FNP são muito utilizadas. Tudo visando recuperação da ADM e força muscular.

Reeducação postural - Exercícios de propriocepção, equilíbrio, treino de marcha e RPG.

Fisioterapia Dermato Funcional - A abordagem dermato funcional no paciente queimado, deve evoluir respeitando a fase que o paciente se encontra (aguda ou crônica). Dentre as terapêuticas utilizadas, podemos citar:

  • Prescrição de vestes compressivas (por períodos de no mínimo 1 ano) e placas de silicone em gel - Orientar quando ao uso contínuo das vestes compressivas, devendo ser retiradas apenas para tomar banho, uma vez que não impedem movimentos ou realização de exercícios. O tempo de permanência com as placas de silicone gel, varia de paciente para paciente.
  • Massoterapia- Manobras para diminição de aderências cicatriciais, para mehora da vascularização, mobilidade e extensibilidade do tecido lesionado. Além disso, deve-se SEMPRE HIDRATAR a área lesionada (tanto durante quanto após o tratamento).
  • Eletrotermoterapia - Alguns aparelhos podem ser utilizados na fase crônica do paciente queimado. Dentre eles, podemos destacar o uso do ultrassom terapêutico (modo contínuo, de 1 a 2 w/cm²) com o objetivo de remodelagem das fibras colágenas; Microcorrentes e Laser para aceleração do processo de cicatrização e fechamento de feridas; Vácuo para diminuição de aderências resistêntes à massoterapia.
  • Dessensibilização - Estimulação com diferentes texturas na área afetada, para tratamento da hiper ou hipo sensibilidade (algodão, superfícies ásperas, pente, esponjas, etc).

Bom pessoal, como vocês bem puderam perceber, a abordagem do paciente queimado é bem ampla, não devendo nunca se restringir apenas a abordagem dermato funcional. Os resultados para os pacientes que são bem assistidos, são fantásticos, promovendo uma qualidade de vida enorme ao paciente. 

Se você se interessa a respeito dessa parte da fisioterapia dermato funcional reparadora, acesse os posts:

  1. Ultrassom de 1 e 3MHZ: Vale a pena investir?
  2. Cirurgias Plásticas mais frequentes
  3. Atendimento no pós operatório de cirurgia plástica
  4. Diástase Abdominal: Entenda como funciona.
Até a próxima!

Sara Neves.

Oi Pessoal, Tudo bem com vocês?

Hoje nós vamos falar sobre uma terapia relativamente simples, barata, e que nós ainda não tínhamos abordado aqui no blog: A iontoforese, ou, como alguns chamam, ionização de ativos.

Bem, a iontoforese nada mais é do que o uso da corrente galvânica contínua para aumentar a administração transcutânea de substâncias ionizáveis. Ou seja, se trata de mais um tipo de galvanoterapia.
Basicamente é o uso da corrente elétrica de baixa intensidade para potencializar a penetração de alguns ativos na nossa pele, sejam eles fármacos ou cosmecêuticos.
Vamos entender mais especificamente seu funcionamento e modo de uso:

Imagem meramente ilustrativa. Google Imagens.

Quando se estabelece um gradiente de potencial de corrente através da pele saudável, os íos fluem pelos caminhos de menos resistência. Os estudos científicos identificaram vários caminhos porosos para a penetração desses íons, tais como as glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículos pilosos, além das imperfeições cutâneas. De todas essas vias, a iontoforese acaba por ter uma maior "preferência" pela via das glândulas sudoríparas.
Os efeitos das substâncias aplicadas poderão ser locais (na área onde o eletrodo se encontra), ou sistêmicos, através do transporte das substâncias pela corrente sanguínea aos diversos tecidos do organismo.
Apesar de ser possível alcançar efeitos sistêmicos, na nossa prática voltada para a estética, desejamos efeitos mais localizados, pois comumente não utilizamos fármacos.
Diversos fatores podem influenciar o mecanismo de transporte dos ativos pela iontoforese, entre eles destacam-se a estrutura da molécula, condutividade, resistência do transporte do íon através do tecido, etc. Tudo isso deve ser muito bem estudado e avaliado pelo profisional antes de escolher essa terapia para uso.
 Sendo assim, nem todo tipo de cosmecêutico é utilizado nas terapias de ionização. Geralmente as empresas especificam quando o produto pode ser ionizado e em que polaridade ele deve ser aplicado (positiva ou negativa). Isso é muito importante, pois se usarmos na polaridade errada, estaremos obtendo o efeito contrário do desejado (ou seja, estaremos retendo o ativo no eletrodo, em vez de lançá-lo na pele).

Dosimetria da corrente

A intensidade em miliamperes (mA) já é normatizada pela galvanoterapia, onde se mede a área do eletrodo ativo e multiplica-se pelas constantes 0,15 ou 0,20; Lembrando sempre de não ultrapassar o limiar doloroso do paciente. O tempo de aplicação deve variar de 10 a 20 minutos.
Atualmente já existem eletrodos a venda que são específicos para o uso da iontoforese, embora os eletrodos tradicionais de metal separados por esponja, deêm conta do processo.

Quantidade do ativo

Ainda não existem estudos que detalhem especificamente um modo de calcular ou estabelecer a quantidade de cosmecêutico a ser utilizada. No entanto, na embalagem de alguns produtos, pode-se encontrar esse tipo de especificação, embora na maioria das vezes seja algo mais subjetivo.

Preparando a pele antes do procedimento

Com o objetivo de afinar a camada córnea da pele, que é a principal barreira para a penetração de alguns ativos, podemos usar alguns procedimentos pré-ionização (tomar cuidado com peles muito finas e sensíveis, que podem pular este passo).
Esfoliações e  peelings mecânicos (diamante, cristal, ultrassônico) são uma opção de aplicação.
Nas peles mais sensíveis, pode-se realizar uma higienização e aquecimento para abertura dos poros (com vapor de ozônio ou máscara térmica, por exemplo).

Eletrodos

O tamanho dos eletrodos, está diretamente ligado à terapia (lembram da fórmula para cálculo da dose?). Quando se usa somente um eletrodo na terapia, o ideal é que ele seja de tamanho menor que o eletrodo dispersivo.
O uso de eletrodos metálicos do tipo "roletes" comumente utilizado em tratamentos estéticos faciais, não possui evidências científicas e é contestado na literatura, sendo desaconselhado o seu uso devido a inconstância na transmissão da corrente, oferecendo riscos ao paciente.
No geral, os eletrodos convencionais podem ser posicionados de forma transversal, longitudinal ou sobre o mesmo plano.

Precauções e Contra Indicações

A precaução principal é se evitar a queimadura química galvânica causada pelo excesso de corrente ou pelo mau posicionamento dos eletrodos, além disso, outros itens devem ser levados em consideração, tais como:

  • Verificar a polaridade dos eletrodos
  • Não aplicar a técnica sobre epífises ósseas e sobre a pele afetada (como feridas e úlceras).
  • Não aplicar sobre a área cardíaca ou grandes centros nervosos
  • Não aplicar em pacientes com alterações de sentibilidade (pacientes diabéticos) ou próteses metálicas
  • Não aplicar em pacientes em período de tratamento de câncer ou infecções ativas
  • Observar os primeiros minutos de aplicação, pois o paciente pode apresentar uma hiperssensibilidade à corrente, e a terapia deverá ser interrompida.

Então é isso pessoal, de um modo geral a técnica é simples, basta ser aplicada com cautela! Recomendo a leitura do tema em livros de eletroterapia, para uma maior compreensão dos efeitos físico-químicos e fisiológicos da terapia. 

Até a próxima,

Sara Neves.

REFERÊNCIAS:

Eletrotermofototerapia - Jones Agne
Modalidades Terapêuticas nas Disfunções estéticas - Fábio Borges.