Oi Pessoal, Tudo bem com vocês?
Hoje nós vamos falar sobre uma terapia relativamente simples, barata, e que nós ainda não tínhamos abordado aqui no blog: A iontoforese, ou, como alguns chamam, ionização de ativos.
Bem, a iontoforese nada mais é do que o uso da corrente galvânica contínua para aumentar a administração transcutânea de substâncias ionizáveis. Ou seja, se trata de mais um tipo de galvanoterapia.
Basicamente é o uso da corrente elétrica de baixa intensidade para potencializar a penetração de alguns ativos na nossa pele, sejam eles fármacos ou cosmecêuticos.
Vamos entender mais especificamente seu funcionamento e modo de uso:
Imagem meramente ilustrativa. Google Imagens. |
Quando se estabelece um gradiente de potencial de corrente através da pele saudável, os íos fluem pelos caminhos de menos resistência. Os estudos científicos identificaram vários caminhos porosos para a penetração desses íons, tais como as glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículos pilosos, além das imperfeições cutâneas. De todas essas vias, a iontoforese acaba por ter uma maior "preferência" pela via das glândulas sudoríparas.
Os efeitos das substâncias aplicadas poderão ser locais (na área onde o eletrodo se encontra), ou sistêmicos, através do transporte das substâncias pela corrente sanguínea aos diversos tecidos do organismo.
Apesar de ser possível alcançar efeitos sistêmicos, na nossa prática voltada para a estética, desejamos efeitos mais localizados, pois comumente não utilizamos fármacos.
Diversos fatores podem influenciar o mecanismo de transporte dos ativos pela iontoforese, entre eles destacam-se a estrutura da molécula, condutividade, resistência do transporte do íon através do tecido, etc. Tudo isso deve ser muito bem estudado e avaliado pelo profisional antes de escolher essa terapia para uso.
Sendo assim, nem todo tipo de cosmecêutico é utilizado nas terapias de ionização. Geralmente as empresas especificam quando o produto pode ser ionizado e em que polaridade ele deve ser aplicado (positiva ou negativa). Isso é muito importante, pois se usarmos na polaridade errada, estaremos obtendo o efeito contrário do desejado (ou seja, estaremos retendo o ativo no eletrodo, em vez de lançá-lo na pele).
Dosimetria da corrente
A intensidade em miliamperes (mA) já é normatizada pela galvanoterapia, onde se mede a área do eletrodo ativo e multiplica-se pelas constantes 0,15 ou 0,20; Lembrando sempre de não ultrapassar o limiar doloroso do paciente. O tempo de aplicação deve variar de 10 a 20 minutos.
Atualmente já existem eletrodos a venda que são específicos para o uso da iontoforese, embora os eletrodos tradicionais de metal separados por esponja, deêm conta do processo.
Quantidade do ativo
Ainda não existem estudos que detalhem especificamente um modo de calcular ou estabelecer a quantidade de cosmecêutico a ser utilizada. No entanto, na embalagem de alguns produtos, pode-se encontrar esse tipo de especificação, embora na maioria das vezes seja algo mais subjetivo.
Preparando a pele antes do procedimento
Com o objetivo de afinar a camada córnea da pele, que é a principal barreira para a penetração de alguns ativos, podemos usar alguns procedimentos pré-ionização (tomar cuidado com peles muito finas e sensíveis, que podem pular este passo).
Esfoliações e peelings mecânicos (diamante, cristal, ultrassônico) são uma opção de aplicação.
Nas peles mais sensíveis, pode-se realizar uma higienização e aquecimento para abertura dos poros (com vapor de ozônio ou máscara térmica, por exemplo).
Eletrodos
O tamanho dos eletrodos, está diretamente ligado à terapia (lembram da fórmula para cálculo da dose?). Quando se usa somente um eletrodo na terapia, o ideal é que ele seja de tamanho menor que o eletrodo dispersivo.
O uso de eletrodos metálicos do tipo "roletes" comumente utilizado em tratamentos estéticos faciais, não possui evidências científicas e é contestado na literatura, sendo desaconselhado o seu uso devido a inconstância na transmissão da corrente, oferecendo riscos ao paciente.
No geral, os eletrodos convencionais podem ser posicionados de forma transversal, longitudinal ou sobre o mesmo plano.
Precauções e Contra Indicações
A precaução principal é se evitar a queimadura química galvânica causada pelo excesso de corrente ou pelo mau posicionamento dos eletrodos, além disso, outros itens devem ser levados em consideração, tais como:
- Verificar a polaridade dos eletrodos
- Não aplicar a técnica sobre epífises ósseas e sobre a pele afetada (como feridas e úlceras).
- Não aplicar sobre a área cardíaca ou grandes centros nervosos
- Não aplicar em pacientes com alterações de sentibilidade (pacientes diabéticos) ou próteses metálicas
- Não aplicar em pacientes em período de tratamento de câncer ou infecções ativas
- Observar os primeiros minutos de aplicação, pois o paciente pode apresentar uma hiperssensibilidade à corrente, e a terapia deverá ser interrompida.
Então é isso pessoal, de um modo geral a técnica é simples, basta ser aplicada com cautela! Recomendo a leitura do tema em livros de eletroterapia, para uma maior compreensão dos efeitos físico-químicos e fisiológicos da terapia.
Até a próxima,
Sara Neves.
REFERÊNCIAS:
Eletrotermofototerapia - Jones Agne
Modalidades Terapêuticas nas Disfunções estéticas - Fábio Borges.