Oi pessoal, tudo bem com vocês?

Finalmente o tão prometido post sobre radiofrequência! Andei postando alguns antes/depois de resultados com a radiofrequência  no instagram do blog, e choveu de gente falando que gostaria de uma postagem à respeito do tema!
No último ano, tenho trabalhado em cima de uma pesquisa científica, um ensaio clínico randomizado, justamente sobre a radiofrequência. Li e reli tantas coisas a respeito do tema, que acabei deixando de falar sobre ele aqui.
Mas como promessa é dívida, aqui estou eu!
A terapia por radiofrequência já é utilizada há mais de 15 anos para fins estéticos, sendo mais antiga no tratamento de outras patologias (cerca de 90 anos).
Trata-se de uma onda eletromagnética, que se propõe tratar várias afecções da pele, tais como: Flacidez, FEG (celulite), Fibroses, Lipodistrofia localizada, entre outros.
Mas de que modo essa energia atua no nosso organismo? Quais os efeitos fisiológicos que justificam seu uso? Falaremos sobre isso no decorrer da postagem!


Antes de mais nada, gostaria de salientar que independente de qual seja o seu aparelho de radiofrequência (capacitiva ou resistiva), os efeitos fisiológicos serão os mesmos, decorrentes da produção de calor, ok? Agora vamos lá:

Tipo de Manopla

Basicamente, existem 3 tipos de manoplas: Monopolar, Bipolar e Tripolar.
A manopla monopolar, necessita da utilização de uma placa de retorno, que ficará fora do local tratado, para gerar um fluxo de corrente entre os dois eletrodos. Ou seja: a placa de retorno serve apenas para fechar o circuito. Manoplas como esta, geralmente são capacitivas e o aquecimento tecidual ocorre de forma mais lenta.
As manoplas bipolares são resistivas (dispensam o uso da placa de retorno) e promovem um aquecimento muito mais rápido, exigindo atenção redobrada do profissional, para evitar queimaduras.
Quando falamos de manoplas tripolares (ou tetrapolares, hexapolares, octapolares), temos que ter em mente que só existem dois polos: positivo e negativo. Ou seja, essas manoplas pegam uma maior área corporal, agilizam o tratamento, porém se comportam como uma manopla bipolar, fisicamente falando. Resumidamente: aplicador de 3 ponteiras, porém bipolar.

Efeitos Fisiológicos

A passagem da corrente eletromagnética irá gerar agitação de moléculas e íons, nos nossos tecidos biológicos. Essa agitação, acaba forçando a colisão das moléculas e íons, gerando calor. Com a elevação da temperatura tecidual, teremos inúmeros efeitos fisiológicos, tais como: Vasodilatação, que irá gerar uma melhor  irrigação sanguínea e linfática, resultando num maior aporte de oxigênio e outros nutrientes para a área, aumentando o metabolismo tecidual local, que irá estimular a atividade de respiração endocelular e expulsão de catabólitos tóxicos.
Além disso, o efeito térmico da radiofrequência, promove realinhamento das fibras colágenas, sem rompê-las. Por meio da elevação da temperatura, também conseguimos estimular nossos tão amados fibroblastos, dando origem à produção de um novo colágeno. Você pode dar uma lida sobre as proteínas de choque térmico, se quiser entender mais a fundo, molecularmente falando, de que forma este colágeno será estimulado e formado. 
Basicamente, o aumento da temperatura irá produzir um estímulo do TGF-beta que, por sua vez estimula a formação de HSP-47, que é uma proteína que protege o pró colágeno tipo I, durante sua síntese e secreção. Somente na presença dessa proteína de estresse, as moléculas de colágeno do tipo I poderão ser organizadas na forma tridimensional correta de tripla hélice.


 Entendido isso, conseguimos visualizar como ele age em cada patologia, né?

Resumidamente:

- Se temos flacidez, e produzimos um novo colágeno, temos melhora no aspecto daquela pele.
- Se temos FEG (celulite), a paciente irá apresentar um quadro de fibrose, congestão circulatória, edema e drenagem linfática comprometida. Ao estimularmos a circulação e metabolismo local, estaremos melhorando o aspecto daquela pele.
- Se temos uma paciente com a pele desvitalizada e com rugas, estaremos promovendo rejuvenescimento, não só pela formação de colágeno, como pela sua ação anti oxidante (eliminando catabólitos).

Mas.... e a gordura localizada?

Os estudos científicos isoladamente à respeito do tema são escassos, ou com metodologias incertas. Os poucos estudos que existem, justificam o uso do aparelho para provocar dano aos adipócitos, que são as células do tecido adiposo.
Dessa forma, ao ocasionar o choque entre as moléculas e íons, a radiofrequência promoveria a termólise dos adipócitos, causando morte celular e diminuição da lipodistrofia localizada.
Outros estudos experimentais também mostram que a RF é capaz de aumentar a taxa de apoptose dos adipócitos.
No entanto, mais estudos experimentais são necessários para provar a eficácia da terapia na gordura localizada.


O que podemos dizer é que a RF é praticamente um padrão ouro para tratamento de flacidez. Os resultados são bastante expressivos e está muito bem documentado cientificamente, o estímulo aos fibroblastos.

Níveis de temperatura

Apesar de não existir um consenso na literatura à respeito de que faixa de temperatura utilizar em cada patologia, algumas parecem dar mais certo.
Para tratamento de fibroses, queremos apenas o efeito de flexibilização, sem produção de mais colágeno, ou retração tecidual, para não "endurecer" mais a área. Sendo assim, recomenda-se utilização de temperaturas por volta de 35-36ºC, onde iremos obter uma diminuição da densidade do colágeno.
Já para flacidez, queremos o estímulo aos fibroblastos, então utilizaremos temperaturas mais elevadas, entre 39-41ºC, onde iremos obter um aumento da densidade do colágeno.

Note que existem patologias, como o FEG misto, que apresenta quadro de fibrose e flacidez associados. Sendo assim, as áreas deverão ser tratadas com diferentes níveis de temperatura, a depender da necessidade.

Falar de tempo de aplicação fica um pouco difícil, pois depende muito da área de cada manopla. No geral, o que alguns artigos científicos sugerem, é 5 minutos de aplicação, após atingir a temperatura ideal, a cada 10cm².

Bom pessoal, espero que a postagem tenha sido útil! Como eu sempre digo, uma postagem nada mais é que um resumo, e jamais substituirá a leitura de livros e artigos científicos, para quem se interessa mais afundo a respeito do tema.
Até a próxima,

Sara Neves.

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